quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Seguindo



Eu já acordo com dor nas costas.

Digressões.

Que pretensioso eu. Querendo oferecer pílulas reflexivas sobre as grandes questões contemporâneas para a humanidade, sendo que tudo isso mais me consome com perguntas do que me faz chegar a respostas.

Sono e fome são sentimentos constantes.

Mal posso esperar pelo Carnaval para dormir.

Tudo que eu queria dizer torna-se impublicável.

Limites, censura, freio, implicações, consequências.

Jogo a toalha. Foco em fazer tudo o que eu preciso fazer.

Força. Preciso. Sigo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A melhor história do dia tem a ver com a Lava Jato, como não poderia deixar de ser.

Pipocando entre abas abertas em notícias de jornal online, deparo-me com informações sobre os acervos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Tem farinha no acervo do Lula.

Alguém deu farinha para o Lula comer.

Alguém deu farinha para o Lula colocar na comida e dar aquela sustância.

Alguém deu farinha para o Lula refogar com alho, cebola e o que mais ele quiser e transformar numa bela farofa.

Quando a Dilma saudou a mandioca em junho de 2015 ela só faltou ser defenestrada do Planalto no mesmo dia. Em janeiro de 2017 a Revista da Cultura da Livraria Cultura trouxe uma matéria que exaltava a mandioca e suas propriedades nutritivas indicando sua papel de destaque na culinária popular, sobretudo nos anos de formação do Brasil colônia (e império, talvez?).

A mandioca é um alimento usado para, além de outras coisas, fazer farinha

E a farinha do Lula está lá. Estragando.

Em um dos noves contêineres lacrados pela operação da Polícia Federal, junto com mais um monte de coisas que devem estar lá, apodrecendo também.

Um capacete do Ayrton Senna, um capacete da Petrobras. Nove mil novecentos e sessenta e cinco livros – será que tem uns quadrinhos ali no meio? Umas graphic novels? Ou seria tudo sobre política, economia, autoajuda, será que tem só clássicos da literatura ou rolam uns autores contemporâneos mais alternativos ou líricos?

Será que tem de poesia? Acho que não.

Poesia parece que está faltando.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Pequeno almoço

Você já viu uma máquina de lavar trabalhando?

Já botou reparo quando ela está  centrifugando as roupas?

Tem horas que eu sinto a minha cabeça exatamente desta maneira.

Como se ele estivesse centrifugando rapidamente um milhão de pensamentos de um jeito muito veloz.

É o que a gente chama de turbilhão.

Às vezes a única vontade que dá é de ficar quietinho, esperando a máquina terminar de trabalhar, apenas pra tentar atingir uma espécie de silêncio interior, bastante difícil, no meu caso, de ser alcançado.

Ontem eu fiz carne de soja para a janta e para levar de marmita. Fui misturando um milhão de temperos. Chimi-churri, nóz-moscada, orégano, açafrão, coloral, curry, azeite, páprica, alho, cebola, shoyo e sal. Coloquei creme de leite depois de tudo isso.

O resultado é que o meu café da manhã foi mesmo um pequeno almoço.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

tardio



Só faço pensar em destemperança.

Em como a falta de visão de futuro nos paralisa.

Vá, siga por esse caminho.

Não. Nem pense em fazer o que quer e o que deseja.

O caminho é muito arriscado. Há um perigo alto de tombar.

Sem falar no significado de tudo, abrir mão.

E quando há medo e o preço a ser pago é alto?

Li ontem o material promocional de um livro que destacava a infância e a adolescência em um período que ia dos 3 aos 16 anos, pelo menos para os temas apresentados - postura corporal.

E eu vivendo com dor nas costas.

Já li algumas vezes nesses textos que pipocam pela timelaje que os 30 são os novos 20 e que os 40 são os novos 30.

Difícil.

Quando eu completei 20 anos, tinha toda uma ideia do que eu queria para quando chegasse aos 30 e a vida foi por um caminho bem diferente do que eu imaginava. Quando eu fiz 25, bateu a crise de que a rota estava mesmo diferente.

Eu não faço ideia do que vai ser de mim daqui a dez anos. Eu não faço ideia do que vai ser de mim daqui a cinco segundos.

Ontem fui assistir "Rogue One" e quando o filme acabou o metrô já havia encerrado sua operação comercial.

Resolvi andar um pouco para pensar na vida e em como eu faria para chegar em casa. Sim, chegar EM casa, foda-se regra gramatical que não faz sentido.

Considerei ir a pé até a Paulista. A ideia era pegar um ônibus para o Parque Dom Pedro II e de lá outro que fosse para a zona leste.

Não queria gastar dinheiro com taxi, uber ou qualquer coisa do gênero.

Caminhei da Santa Cruz até a Vila Mariana pela rua deserta de pessoas e vidas, ocupada apenas por carros, carros e mais carros.

O cansaço, o sono, a preguiça, a ansiedade e as preocupações me dominaram. Acabei chamando um taxi pelo aplicativo e cheguei em casa, derrotado e exausto.

O mais difícil de tudo é pensar, querer literalmente mudar, pensar, mas não chegar a uma conclusão.

Será que isso é apenas um traço de amadurecimento geracional tardio do tipo tá todo mundo mal ou é só pobreza mesmo?