quinta-feira, 16 de julho de 2020

As coisas como são

Eu estava procurando um vídeo no Facebook para usar no filme, o fluxo da timeline me levou feito enxurrada. Me deparei com um link sobre metrô de Londres ter removido um grafite do Banksy. Eu adoro o Banksy, tinha aparecido no Twitter já ele usando máscara e tals, mas eu não tinha me aprofundado.

Cliquei na notícia, mas eu tenho muita agonia dos links do Facebook, com aquele &fbclid= que fica na barra de endereços. Então apago o &fbclid= e clico de novo na notícia que tem o instagram do Banksy embedado. Não sigo o Banksy no instagram, o que é um tanto irônico, pois adoro o Banksy. Tenho duas camisetas dele, da menina que solta o balão do coração e do punk jogando um buquê de flores. Acho que tenho a da menina do Napalm com o Ronal Mc Donald’s e o Mickey, mas talvez, se tiver, está em Guarulhos.

Uma loucura não segui-lo no instagram, eu às vezes penso em tatuar algum dos desenhos dele. A menina do balão, talvez. Daí eu penso que é muito legal, né. Isso de ser misterioso e tudo o mais. De identidade desconhecida. Que a arte que fica em primeiro plano. Evita decepções, né? Vai que na vida real, como ser humano ele é meio babaca, com opiniões racistas, machistas, homofóbicas ou misóginas.

Não, alguém com esse tipo de posicionamento artístico não poderia ter uma opinião dessas. Corrijo então meu deslize de uma vida, apertando o botão seguir. Não vejo vídeo, pois preguiça de ver vídeos enquanto penso na notícia. O metrô de Londres proíbe terminantemente grafites então remove o do Banksy, mas afirma que talvez liberem um espaço para ele. Daí deixa de ser contestatório, ou não? Perderia a força da intervenção, certo?

Em todo caso, uma nova timeline me atrai com seu fluxo. Dessa vez são os Stories. Isso porque eu tava com preguiça de ver vídeos. Mas fazia tempo que nada do Chico Lima aparecia pra mim e da última vez era uma homenagem de aniversário para um amigo (ou seria um boy? – não ficou claro) que eu achei tão legal. Então vejo, ele divulgando uma feijoada vegana do SubteVegan que me encheu de vontade, então passo a seguir o comércio. Vai que sobra uma graninha no malabarismo orçamentário pra pedir uma comida diferente qualquer dia desses.

Continuo vendo os Stories do Chico, ele replica a página da produtora de Tremor Magnífico, que estreou um pouco antes da pandemia. Não deu tempo de ir ver. Eles estão vendendo o libreto da peça. Já que não é possível estar no teatro é um modo de dividir o trabalho com o mundo. Passo a seguir a Jasmim Produção, mais informações no link na bio. É um linktree. Gosto demais desse conceito.

Vou parar no Youtube. Há um teaser de Lobo no canal. Choro sangue. Saudades Lobo. Fui ver duas vezes essa peça no começo do ano, no verão sem censura. Tinha visto ano passado, na MIT também. Queria a camiseta de Lobo, da faca. Não tinha mais o meu tamanho. Há também uma entrevista com a Carolina Bianchi, que está muito boa, onde ela fala um pouco do seu trabalho e do seu processo artístico.

Eu tô desde março do ano passado pra escrever um e-mail para Carolina pra dizer o quanto Lobo foi importante na minha vida. Lembro da história do Amyr Klink, que a Jout Jout contou uma vez no canal. Ele sai para navegar o mundo e dá uma missão para o caseiro, que ele consertasse uma janela. Amyr volta depois de dois anos. A janela ainda está quebrada. O caseiro diz que não deu tempo pra fazer o conserto. Fico pensando nas minhas janelas quebradas. O tempo para quem está em trânsito é diferente para quem está preso, confinado, quarentenado, sem poder escapar de um país, de uma realidade.

As pequenas coisas vão demandando atenção, a vida vai passando e de repente quando a gente olha, puxa já passou tudo isso. O tempo que leva para dar a volta ao mundo é o mesmo que leva para não se fazer nada. Eu só queria poder agarrar o tempo com as mãos e controlar ele um pouquinho que seja.

Meus acúmulos me aborrecem. Listas de coisas pra fazer, ler, escrever, ouvir que só crescem em direção ao infinito. É um tanto quanto exaustivo. As coisas, né, como são. Penso tudo isso com saudades de Lobo e vendo o teaser e o quão maravilhosa foi aquela peça. Daí pego o Shazam, que amo esse aplicativo, e ele me mostra que a música da peça-teaser, chama Eternity, de um tal de Vitalic.

Procuro no YouTube e acho esse vídeo aqui que fico apaixonado. Descubro um novo filme para ver. O Conto dos Contos. É com a Salma Hayek. Dá vontade de ver Frida de novo. E Assunto de Meninas. O filme é de 2015. Tem na Globoplay. Lembro de onde estava e o que eu estava fazendo naquela época. Foi um dos piores anos da minha vida. Tinha coisa pra viver e descobrir, mas me atirei numa fogueira em uma ilusão de amor. Talvez seja a hora de tirar uns atrasos e tentar consertar mais janelas já que não dá pra sair pra navegar.

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