quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Quintou

Mas não qualquer quintou. Um quintou de Carnaval, de ansiedade e expectativa.

Um quintou assim de já deu o que tinha que dar. De agora não adianta mais. O que não deu pra fazer até agora não será feito até a semana que vem.

É assim que é. Não se iludam. Não marquem bobeira. Evitem o autoengano. 

O dia de hoje é o de começar a jogar tudo pro alto. De começar a dar aquela pausa. Fazer tudo de modo mais arrastado, mais demorado, mais devagar.

Até a hora hoje vai passar mais lentamente. Você vai até se adiantar aos compromissos. Cair da cama mais cedo. Chegar cedo na firma.

Mesmo a chuva já ameaça cair desde as primeiras horas do dia para só desabar sobre nós no fim da tarde e atrapalhar a nossa volta pra casa.

Daí a realidade supera a ficção e a ameaça assume uma forma concreta e molhada de gotas de água caindo do céu.

Quintou de Carnaval mas não de qualquer Carnaval.

É Carnaval 2020, dos acirramentos, da vida pior, o Carnaval em que não dá pra voltar a estudar ou fazer uma pós porque mal existem bolsas para pesquisa, ainda mais em humanidades.

O Carnaval em que a minha tia fica feliz porque o importante era tirar o PT e o meu futuro vai até logo ali quando termina o raspo do tacho dos caramingué da minha poupança.

O Carnaval em que o primo faz post homofóbico no Facebook.

Então vamos viver os próximos três meses como se fossem o último, porque talvez serão.

O Carnaval da aridez dos afetos e dos sentimentos, o Carnaval dos tempos em que o amor não visceja.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Barba de molho

A história de como fiz a barba é mais ou menos assim:

Surtei e fiz a barba.

Mentira.

Já há algum tempo eu queria tirar a barba mas tava faltando coragem de ver o rosto sem pelos.

Uma vez um boy falou que eu ia ficar com cara de puta sem a barba pois era sem a barba que eu ia para os lugares de pegação. E ele não queria olhar para minha cara e ficar "pensando no meu passado".

Risos.

Não sei o que é a cara de puta.

Achei que fiquei parecendo o Smeagle do Senhor dos Aneis.

Deu uma abaladinha na autoestima ficar sem barba. Apesar dos elogios que recebi só consegui me achar esquisito. Ainda bem que pelo cresce.

O que aconteceu foi que o pente da minha maquinha de barbear quebrou e eu não fui atras de outro.

Fui fazer a barba sem o pente e veja no que deu. Achei que ficou muito estranho. Daí por que não aproveitar que tá bem curto pra tirar e ver como fica?

Não reconheci meu rosto sem barba. Fazia tempo que não me olhava no espelho assim.

Fico melhor de barba. Ao menos mais pegável.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Para fins de registro

É que achei no mínimo curioso que no mês em que mais escrevi até agora foi o que menos publiquei por aqui.

Estive em três cursos-oficinas nas últimas semanas. Dois deles com a mesma ministrante. E pude fazer práticas de escrita, tentar me ater a algumas propostas, além de falar, ouvir e trocar impressões sobre literatura, vida e escrita.

Desses dias todos apareceram coisas legais, mas que por enquanto ficarão restritas aos cadernos e anotações.

Após receber uma enxurrada de novas informações, conteúdos e ter a sorte e o privilégio de presenciar discussões tão ricas e pertinentes, parece-me natural deixar todo esse caldeirão fervendo em um fogo mais brando, por enquanto.

Há a necessidade e a urgência agora de trabalhar na edição do filme, além da busca de um trabalho que permita algum tipo de vida.

No mais, volto a qualquer momento com uma nova digressão.