sábado, 1 de abril de 2017

Acordo acachapado. A sensação diária é a de corpo moído, trucidado. Parece que apanhei. É difícil despertar e mais difícil ainda levantar. Pareço carro a álcool que demora a pegar no tranco.


A vontade, a minha vontade, era de passar o dia inteiro lendo, acumulando inteligência. Lembra no Matrix que o download de um software faz você aprender a pilotar um helicóptero? 


A ideia é mais ou menos a mesma. Ler, ler um monte, ler pra caralho, ler até o infinito, só morrer depois de ler. E aí sim. Aí sim, quando estiver pronto, com muito e muito conhecimento e saber, enfrentar o dia a dia, encarar o mundo lá fora, ir lá, dar um oi pra vida.


Hoje achei que fosse me dar uma crise de ansiedade, mas não deu. Ainda bem que eu comprei maracujá. Escrever também ajuda. E lembrar de respirar me salvou.


É que de repente, as possibilidades e os caminhos para atingir os objetivos parecem tão longos, tão distantes, tão difíceis e injustos, que tem hora que a vontade que dá é desistir. É bater asas e voar. É desencanar, se conformar, apenas deixar tudo pra lá. 


Valeu a tentativa. Esse negócio de ser paciente não é pra mim. Há uma urgência de tudo aquilo que eu não fiz. Todos os projetos engavetados, enraizados, intocados, ou simplesmente parados.


Precisa esperar mas não pode mudar de ideia. E aí, quando sofremos ação do tempo, porque novas ideias vão surgindo, a gente faz o que? Refaz planos, adapta realidade, enfia o dedo no cu e rasga junto com os projetos, com os sonhos e as vontades não realizadas.


Queria acabar todo esse texto de um jeito mais otimista, mas não vai dar. Então, paro por aqui. Depois retomo.