Abro o caderninho de anotações. Poderia ser poético, mas aqui a poesia morre. A frase eu acabei de escrever, falando sobre o quanto a minha letra estava feia. É que eu estava testando umas canetas novas, ponta fina, coisa fina, mas minha letra ficou feia porque ela é muito porosa, mancha o verso da página quando a gramatura do papel é baixa.
Escrevo sem tentar colocar muito peso na mão e a leveza do ato faz com que os escritos se transformem em garranchos incognoscíveis. É que escrevo com uma fome, com uma ânsia como se eu fosse mudar o mundo. Uma escrita que é urgente porque ela luta contra uma ideia de fim, dos tempos, da memória, da própria vida.
Não teve um lembrete que aproveitei para reciclar e fingir que é uma nova ideia. Apenas um rabisco, um rascunho esparso, uma observação aleatória em meio a observações não tão aleatórias. Listas sobre bastidores de processo criativo, destaques e detalhes que é de bom tom que não fiquem esquecidos.
É que escrever ajuda a fixar. É o que dizem.
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