sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Sem conexão entre as ideias

Leio a notícia sobre um dos casos de feminicídio do dia. Não tenho como não me indignar, não tenho como não ficar puto. Como vocês conseguem viver suas vidas dessas formas tão normais quando para mim é tão difícil?

Mas nem é só a dificuldade de naturalizar essas coisas. Tem também o se colocar no lugar do outro. Não numa pegada de empatia, mas de tentar fazer o exercício de entender.

O que é que se passa na cabeça desses caras acham que matar uma mulher, aquela com quem ele teve ou tem uma relação, é algo ok de se fazer?

Eu entendo de onde isso vem. De muito tempo atrás, da ideia de posse, do patriarcado. O que me falta é instrumento para chegar a um ponto de pensamento em que eu me identifico com todos esses inúmeros agressores que são exibidos a todo instante nesses programas popularescos que vocês tanto apreciam.

Talvez seja essa estética-cidade-alerta que distancie tanto uma possível identificação de novos agressores em potencial. No sentido em que o criminoso é sempre o outro, é sempre o monstro. Nunca é você que está com a ideia errada, a mesma ideia errada daquele cara que matou aquela mulher no caso que passou agora há pouco. 

Não consigo conceber essa linha de raciocínio que faz com que homens enxerguem as mulheres como propriedade e justifiquem que se ela não será minha não será de mais ninguém.

Digamos que eu seja o Fulano, que namorou a Cicrana, e sempre fui um cara ciumento e etc. Daí ela me trai, ou não quer mais namorar comigo. Então eu pego uma arma, porque né, acho razoável pegar uma arma. Já começa daí. A arma faz com que eu me sinta mais homem. E daí eu vou lá e mato a cicrana. Depois sou preso e choro na delegacia, digo que estou arrependido. 

O que eu juro que queria muito entender é porque escolher se arrepender? Como que tirar uma vida é uma ideia razoável como tipo acordar e resolver dar um passeio no parque.

Quão profundo no inferno do próprio mundo interior se está para continuar perpetuando esse tipo de conduta e comportamento?

Esse texto ficou uma droga. Mas é o máximo que eu consigo formular. Tudo truncado e com ideias que não se ligam e conectam, porque me faltam palavras e uma elaboração mais adequada para dar conta da minha indignação. 

Hoje uma amiga me falou que o capitalismo e a heterossexualidade compulsória são os problemas do mundo. Tendo em mente que o capitalismo se estrutura na desigualdade e no racismo, não tenho como não concordar.

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