quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O fim da inocência

O pensamento é mais rápido que a mão. Corre ligeiro, rapidinho, feito esses ratos que infestam a praça do lado da estação de trem do Brás, perto de casa.

Quase que não dá para digitar. Quase que não dá para postar. As ideias me fogem. Então procuro registrar tudo mais ou menos no fluxo. Do jeito que vem, vai, antes que eu me dê conta e apreenda o que na verdade eu estou querendo dizer.

Barack Obama está para deixar a cadeira de presidente dos Estados Unidos. Ainda lembro bem das comemorações de sua primeira vitória, tida como um avanço progressista.

Os ventos sopravam a esperança de dias melhores. Havia a expectativa de vivermos sem tanta guerra, com mais justiça, com mais abertura democrática e mais dinheiro.

A vitória de Trump, de João Doria, de Crivella, do Brexit, e até mesmo do golpe do Brasil de 2016, desmascara ou descortina uma espécie de véu que turvava a visão da humanidade. Quase como se após esses acontecimentos nós não tivéssemos mais o direito à inocência.

Não que tenhamos que seguir necessariamente pessimistas, mas não dá para acharmos que estamos bem, porque não estamos. Não dá mais para acharmos que um episódio como o Holocausto nunca mais aconteça na história da humanidade, porque, well, se ele não está acontecendo estamos avançando para ele a passos largos.
 
O engraçado é notar que essas questões não abalem em nada o cidadão comum, que vai levando sua vida pacatamente, reproduzindo comportamentos nada louváveis – despejando no mundo toda sorte de ódio decantado - e acreditando que a solução esteja mesmo na direita e na extrema direita.

Diante de tanta merda, o que se há de fazer?

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